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Obesidade: como atender melhor essas pessoas

Notícias recentes sobre um paciente que morreu na porta de um hospital porque não tinha maca do seu tamanho levam à seguinte pergunta: o que falta para atender melhor os pacientes com excesso de peso?

“Pacientes com índice de massa corporal (IMC) muito altos, acima de 40, enfrentam uma série de dificuldades seja na emergência médica, durante uma internação, na realização de exames ou mesmo durante consultas periódicas. É preciso um olhar especial para esses pacientes”. O alerta é do Dr. Marcio Mancini, da SBEM-SP.

Ele conta que, mais comum do que se imagina é o paciente não ter um avental do tamanho adequado para ele vestir quando vai ser examinado, ou subir numa balança que só pese até 150 kg, ou não ter um manguito de pressão para o tamanho do braço dele: “São situações que geram embaraço, vergonha e constrangimento. E isso não pode ser negligenciado, pois é o que acaba afastando essas pessoas dos consultórios e, com isso, abrindo espaço para piora da saúde delas”, explica o endocrinologista.
Algumas dessas dificuldades são listadas abaixo.

  • Transporte na ambulância: uma pessoa com 250kg precisaria, pelo menos, de 10 indivíduos para carregá-la para dentro do veículo que, em tese, deveria ter uma maca de tamanho apropriado para este perfil de paciente. Mas além dessa dificuldade operacional do atendimento, é preciso examinar a pessoa que, em razão da obesidade elevada, pode ter doenças ‘escondidas’.
  • Exames clínicos e de imagens – Muitas vezes não se consegue sequer fazer a ausculta direito. No caso dos exames radiológicos, o raio x convencional tem uma penetração baixa e dificuldade de visualização. A mesma coisa acontece com o ultrassom ou a tomografia computadorizada: os aparelhos têm limites de peso, na maioria suportam até 200 kg. Mas existe o limite do diâmetro do pórtico da tomografia, que pode ser de 70cm a 90cm, ou seja, diâmetros limitados para a pessoa com IMC muito alto entrar no aparelho.
  • Medir a pressão e acesso venoso – condutas simples como medir a pressão, no caso destas pessoas, requer preparo, já que se faz necessário um manômetro diferenciado por causa da circunferência do braço. Uma punção venosa também fica dificultada, pois o acesso venoso é mais complicado; sem falar nos casos de cirurgia e tempo cirúrgicos, também afetados pelo excesso de gordura.
  • Intubação – Uma pneumonia ou embolia pulmonar vai ser mais grave numa pessoa com obesidade e a intubação endotraqueal precisa ser avaliada cuidadosamente, pois a existência de depósitos de gordura na face, no tórax, na língua, o excesso de tecidos moles no palato e na faringe e a possível limitação para flexionar a coluna cervical dificultam o procedimento”.

Essas são apenas algumas das dificuldades no acesso ao atendimento que pessoas obesidade enfrentam. Vamos torcer para que casos como os das notícias recentes sejam cada vez menores e que haja atendimento capacitado e humanizado para todos esses pacientes.