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ATA lança novas diretrizes em relação a doenças da tireoide em gestantes

As complicações na tireoide durante a gestação são problemas clínicos comuns.

Publicada em 2017 pela Associação Americana de Tireoide (American Thyroid Association – ATA), a segunda versão das diretrizes de 2011 (http://online.liebertpub.com/doi/pdf/10.1089/thy.2016.0457) revisa agora: interpretação dos testes de função tiroidiana durante a gestação, necessidade de iodo na alimentação; complicações associadas com a presença de anticorpos antitireoidianos circulantes; investigação de disfunções tiroidianas em mulheres inférteis; tratamento do hipotireoidismo na gestação; efeitos das diferentes disfunções sobre o feto e neonato; como lidar com as disfunções no período de amamentação; necessidade/viabilidade de se fazer ou não rastreamento de doenças tiroidianas em todas as gestantes.

Estudo recente (http://dx.doi.org/10.1590/0004-2730000002979), realizado na região de Ribeirão Preto, mostrou níveis de iodo na urina compatível com deficiência leve/moderada em 57% das gestantes se comparados com os de mulheres não gestantes.

“Fazer o diagnóstico e tratar corretamente disfunções tiroidianas durante a gestação tem importância fundamental para a saúde da grávida, do feto e do neonato. Assim, hipotireoidismo não tratado está associado tanto ao retardo do desenvolvimento fetal como ao surgimento de complicações obstétricas (abortamento e trabalho de parto prematuro, por exemplo). Além disso, a simples presença de anticorpos antitireoide séricos aumenta as taxas de infertilidade feminina e, nas gestantes, aumenta a chance do desenvolvimento de disfunções tiroidianas durante a gravidez, bem como pode se associar a complicações peri-parto”, declara Dr. João Roberto Maciel Martins, diretor da SBEM-SP.

Algumas recomendações são feitas de forma mais enfática nesta nova diretriz, como por exemplo:

– Estabelecer um nível de corte mais conservador para o limite superior do TSH (hormônio estimulante da tireoide produzido na hipófise) usado para diagnóstico de hipotireoidismo (TSH<4,0 mUI/L) para aqueles serviços/locais que não disponham de um valor de referência específico para cada trimestre da gestação;

– Recomendar também a suplementação com iodo (150 microgramas/dia) nas regiões geográficas consideradas como deficientes leve/moderadas desse elemento (iodo urinário médio da população 50-149 microgramas/L de urina);

– Estabelecer, de forma mais clara, os valores de TSH e a presença de anticorpos antitireoide para os quais seria recomendada a reposição com levotiroxina em pacientes com hipotireoidismo subclínico;

– Retomar a discussão da necessidade de mudança das drogas antitireoidianas usadas para tratamento do hipertireoidismo, após o 2° trimestre da gestação.

“Um hipertireoidismo não tratado também pode ocasionar as mesmas complicações obstétricas descritas acima, além de poder causar hipertireoidismo fetal ou neonatal devido à passagem transplacentária (da mãe para o feto/neonato) de anticorpos estimuladores da tiroide, quando o hipertireoidismo materno for decorrente da doença de Graves (uma forma relativamente comum de doença autoimune em mulheres em idade fértil)”, complementa Dr. Maciel.

Estima-se que as disfunções tiroidianas (hipotireoidismo e hipertireoidismo) ocorram em 3-4% das gestantes, enquanto as formas subclínicas dessas disfunções podem atingir número ainda maior de mulheres (ao redor de 10%).

(http://press.endocrine.org/doi/pdf/10.1210/jc.2015-3074).